A pesquisa qualitativa e quantitativa não são antagonistas. Às duas possuem vantagens e desvantagens, pontos positivos e pontos negativos. O melhor método é sempre aquele que vai dar conta de responder à pergunta do pesquisador.
Veja agora 5 publicações essenciais para se aprofundar mais em pesquisa qualitativa.
A importância de combinar métodos quantitativos e qualitativos já é consensual entre os pesquisadores.
As abordagens multimétodos permitem que um mesmo objeto seja analisado de maneiras diferentes.
E a segunda técnica metodológica pode ser utilizada para confirmar ou para complementar os resultados da primeira.
Veja na imagem abaixo a sistematização proposta por Ranulfo Paranhos e colegas (2016).
Se cada técnica metodológica traz uma contribuição específica (A ou B), a abordagem multimétodo pode dar origem a uma interpretação ainda não explorada (C).
Saiba quais são os 3 exemplos de pesquisa qualitativa na Psicologia.
Henrique Curi utiliza uma abordagem multimétodo para compreender o sucesso eleitoral do PSDB no estado de São Paulo.
O autor analisa quantitativamente o número de cidades paulistas em que o PSDB lança candidatos e o número de prefeitos e vereadores peessedebistas eleitos.
Além disso, aplica entrevistas qualitativas a sete integrantes do partido. O nome do artigo é “Ninho dos Tucanos: o PSDB em São Paulo (1994-2018)” e ele foi publicado na Revista Opinião Pública.
As duas abordagens metodológicas mostram que o PSDB de São Paulo tem uma organização interna muito bem institucionalizada.
Nos últimos anos, o partido lançou candidatos em mais da metade das cidades paulistas. A taxa de prefeituras conquistadas fica em torno de 30%, enquanto a representação legislativa chega a 80%.
E as entrevistas mostram o sucesso de deve ao controle que a Executiva estadual do partido exerce sobre as subunidades municipais.
Conheça quais são as ferramentas utilizadas na pesquisa qualitativa.
A abordagem multimétodo é utilizada no artigo “Os sentidos do trabalho para profissionais de enfermagem: um estudo multimétodos”.
O objetivo dos autores Andrea Rodrigues, Alcides Barrichello e Estelle Morin era entender o que os enfermeiros pensam sobre sua profissão. Por que trabalham? Como é a sua rotina profissional? Qual é a importância da sua profissão?
Para isso, eles aplicam questionários a enfermeiros e técnicos de enfermagem de 11 hospitais. Essa é a parte quantitativa do trabalho.
A parte qualitativa compreende observação da rotina dos hospitais e entrevistas abertas com pessoas que lá trabalhavam. O artigo foi publicado na Revista de Administração de Empresas.
Quando comparados aos colegas que trabalham no SUS, os funcionários dos hospitais particulares apresentam índices mais altos de estresse e têm poucas oportunidades de aprendizagem e de desenvolvimento.
E as entrevistas abertas mostram que a escolha da profissão não está relacionada à vocação.
A maioria das entrevistadas eram mulheres que enfrentavam longas jornadas de trabalho para melhorar as condições socioeconômicas da família.
Qual a relevância do uso da pesquisa qualitativa e quantitativa?
Para entender como a Câmara dos Deputados, o Senado Federal, o Palácio do Planalto e o STF se comunicaram com os cidadãos durante o impeachment de Dilma Rousseff, o professor Jamil Marques e seus colegas fazem um estudo quanti-quali no artigo “What do State Institutions say? Twitter as a public communication tool during the impeachment of Dilma Rousseff”.
Na parte quantitativa, eles olham para o número de tweets que essas instituições publicaram e os termos utilizados.
E para entender como elas abordaram o impeachment, eles fazem uma Análise de Conteúdo qualitativa. O artigo foi publicado na Brazilian Political Science Review.
O Senado Federal foi a instituição que mais tuitou sobre o assunto e a palavra mais utilizada foi “impeachment”.
Somente o Planalto usou com frequência a palavra “golpe”. A Análise de Conteúdo mostra que a Câmara dos Deputados e o STF divulgaram mais notícias sobre o tema, o Senado Federal postou sobre as etapas do processo e o Palácio do Planalto utilizou o Twitter para defender Dilma.