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Pesquisa qualitativa: Qual a utilidade da Etnografia digital e quem a usa

Já vimos antes sobre pesquisa qualitativa, agora precisamos entender sobre etnografia digital, vamos lá!?

Pense bem, se a etnografia já foi uma técnica restrita a antropólogos e sociólogos, hoje ela é utilizada por pesquisadores de outras áreas, como a Ciência Política. 

E isso ocorre principalmente porque muitos trabalhos vêm associando a etnografia com o ambiente digital. 

Ou seja, uma nova técnica observacional qualitativa vem sendo empregada: a etnografia digital (também chamada de netnografia). 

Com tantos dados disponíveis na internet, os pesquisadores estão observando os grupos sociais que desejam estudar nos ambientes digitais. 

Blogs, grupos de discussão no Facebook, aplicativos de vídeos curtos podem render pesquisas etnográficas. 

E, ao contrário do que ocorre com a etnografia clássica, na etnografia digital, a interferência do pesquisador na rotina do grupo tende a ser nula. 

Ela também pode ajudar na continuidade de pesquisas que foram interrompidas ou modificadas com a pandemia da Covid-19. 

A nova rotina de cuidados permanentes torna as metodologias digitais ainda mais importantes. Saiba mais sobre isso aqui.

Pesquisa qualitativa e exemplos de trabalhos que utilizam etnografia digital

Exemplo 1: Pesquisa qualitativa, Etnografia digital e feminismo

A etnografia digital foi utilizada por Bianca Zarpellon e Kátia dos Santos no artigo “Ciberativismo: efeitos do discurso feminista a partir de uma etnografia digital”. 

As autoras queriam entender como o movimento feminista produz suas práticas discursivas em ambientes digitais. 

Para isso, elas investigaram o blog Escreva Lola Escreva e a página do Facebook Feminismo sem demagogia. O artigo foi publicado na Revista Interletras.

Resultado da pesquisa: Ambiente feminista facilita a troca de informações

A etnografia digital dos ambientes feministas mostra que a internet facilita a troca de informações entre as mulheres participantes. 

Mas como as páginas possuem grande alcance, as participantes também sofrem ameaças e discursos de ódio de pessoas que não concordam com as publicações. 

Quais são as ferramentas necessárias para fazer uma pesquisa qualitativa?

Exemplo 2: Etnografia digital e identidade LGBTI+

A etnografia digital foi a técnica metodológica escolhida por Yuri Estevão-Rezende no artigo “Gay de direita deveria nascer hétero: essencialização identitária e discursos entre LGBT+ no Facebook”. 

Ele passou três meses acompanhando um grupo do Facebook destinado a pessoas LGBTI+. 

A intenção do pesquisador era entender as identidades partidárias e ideológicas desse grupo social. O artigo foi publicado na Revista Eletrônica de Ciências Sociais

Veja 3 exemplos de pesquisa qualitativa na comunicação.

Conclusão: pesquisa Identidade sexual e ideológica

O texto mostra que a sexualidade ou a identidade LGBTI+ não está vinculada a um determinado posicionamento ideológico (para a esquerda ou para a direita).

Pessoas LGBTI+ podem se identificar com a direita, com o capitalismo e até mesmo com o conservadorismo. 

É necessário levar em conta que a sexualidade e a identidade de gênero se relacionam com outros marcadores sociais, como raça, classe social e geração.

5 publicações para estudar ainda mais sobre pesquisa qualitativa.

Exemplo 3: Etnografia digital no TikTok

Andreas Schellewald escolheu a etnografia digital para examinar as práticas comunicativas do TikTok. 

Ou seja, nesse caso, a intenção do autor não era examinar um grupo social específico, mas as características do aplicativo. 

Para isso, ele explorou os vídeos do TikTok por seis meses. Os resultados do trabalho detalham as linguagens e as estéticas presentes no aplicativo. 

O nome do texto é “Communicative Forms on TikTok: Perspectives From Digital Ethnography” e ele foi publicado na International Journal of Communication

Saiba qual é a diferença entre pesquisa qualitativa e pesquisa quantitativa.(link interno)

Conclusão: O Tiktok não é só entretenimento

Ao contrário do que muitos pensam, o TikTok não se resume a entretenimento rápido, simples e viciante. 

O aplicativo tem uma estrutura muito dinâmica e está aberto aos mais diversos tipos de conteúdo. 

Novos estudos precisam investigar melhor como as pessoas – de baixo para cima – conseguem interagir com os algoritmos da plataforma e receber os vídeos que mais as interessam.