O que as autoridades brasileiras estão falando sobre o conflito de Israel e Hamas?

Ao longo de todo o ano de 2023, até o dia 6 de outubro, foram registradas 3,1 mil publicações por 850 autoridades sobre o conflito na Faixa de Gaza, com um engajamento médio de 580. Essas publicações se concentraram em diversos aspectos do conflito, mas um ponto em particular se destacou: até então, as publicações mais engajadas criticavam uma declaração feita por Lula em abril de 2023, segundo a qual a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Estado de Israel, mas não procedeu da mesma forma em relação aos palestinos.

Evolução do discurso político

Diante desse cenário, é interessante observar a evolução do discurso político. Antes de outubro, a centro-direita focava muito em Israel, com poucas menções à Palestina ou ao Hamas. Apenas a esquerda mencionava a Palestina, e isso em um volume menor. Este panorama mudou significativamente ao longo do tempo. Desde o início do ano passado, dois picos de publicações podem ser identificados de forma clara: um após os ataques do Hamas a Israel em outubro de 2023 e outro após a declaração de Lula em fevereiro de 2024, comparando a guerra ao Holocausto.

Polarização nos espectros políticos

Cada um desses momentos foi marcado por uma polarização distinta, com cada lado do espectro político se destacando em uma das ocasiões. A reação a esses eventos foi imediata e significativa: na semana seguinte aos ataques que iniciaram a guerra Israel-Hamas em 2023, no dia 7 de outubro, o volume de publicações alcançou o acumulado do ano inteiro – 3,1 mil publicações por 875 autoridades, com um engajamento médio que atingiu a marca de 1,0 mil. A direita e a centro-direita dominaram as discussões nesse período, com diversas autoridades mencionando Israel. A esquerda aumentou o volume de publicações sobre a Palestina em comparação com o período anterior, enquanto a direita focou no Hamas. Outro momento crucial ocorreu após 18 de fevereiro de 2024, quando a fala controversa do Presidente Lula na cúpula da União Africana gerou um segundo pico de menções ao tema. Na semana subsequente ao evento, acumularam-se 2,0 mil publicações de 416 autoridades, com um engajamento médio de 2,6 mil. Interessante notar que um terço das publicações desse segundo pico foi realizado pelo partido do presidente, e as nove publicações mais engajadas foram RTs diretos da conta @LulaOficial. Apesar de o volume de publicações não ter alcançado o patamar de outubro, o nível médio de engajamento foi duas vezes maior.

Conclusão

Nesse contexto, em fevereiro, a esquerda dominou a discussão tanto em volume de publicações quanto nas mais engajadas. Ambos os lados do espectro político mencionaram Israel, mas a esquerda concentrou-se ainda mais na Palestina do que no primeiro pico, e a direita manteve algumas menções ao Hamas. Os argumentos predominantes defenderam o Presidente e buscaram separar as críticas a Israel do povo judeu. Continuaremos a monitorar e compartilhar insights sobre como o cenário político brasileiro reage e se posiciona frente a questões de relevância global. Confira os gráficos.