Em agosto de 2024, o Brasil enfrentou uma transformação significativa em seu cenário digital. O banimento do Twitter, agora conhecido como X, revisitou um debate entre as autoridades políticas brasileiras. O bloqueio da plataforma, ordenado pelo Ministro Alexandre de Moraes, gerou reações diversas, com algumas figuras públicas criticando a medida, enquanto outras se mostraram mais silenciosas. Este artigo explora os principais dados coletados sobre as respostas das autoridades ao banimento e a migração para redes sociais alternativas, como Bluesky e Threads.
A intimação de Elon Musk por Alexandre de Moraes marcou o começo de uma série de debates sobre o futuro do Twitter (X) no Brasil. A decisão final de banir a plataforma em agosto teve como pano de fundo acusações de que a rede social não estava cumprindo as diretrizes judiciais brasileiras. A suspensão do X, efetivada em 30 de agosto, foi motivada por questões legais que levaram a intensas críticas, principalmente de figuras políticas da direita.
O estudo abrangeu as publicações feitas por autoridades brasileiras entre 28 de agosto e 09 de setembro de 2024. No total, 115 publicações mencionaram o banimento ou crise do X. As figuras mais ativas nessas discussões foram:
Essas autoridades criticaram não apenas o bloqueio da plataforma, mas também o papel de Alexandre de Moraes na decisão. A direita e centro-direita dominaram o discurso público sobre o banimento, representando45% e 37% das publicações, respectivamente. Já a esquerda e centro-esquerda mantiveram-se mais reservadas, com 10% e 4% das publicações.
As críticas ao bloqueio do X focaram em diversos pontos:
A decisão foi associada, por alguns, a regimes autoritários, como os da Coreia do Norte e Irã, gerando uma narrativa de que o Brasil estaria seguindo o caminho de práticas repressivas ao limitar o acesso à informação.
Um dos temas mais levantados nas publicações foi o pedido de impeachment de Alexandre de Moraes, protocolado por 152 deputados no dia 09/09/2024. Essa demanda foi uma resposta direta aos “abusos” atribuídos ao ministro após o bloqueio da rede social.
Além das implicações políticas, foram levantadas preocupações sobre o impacto econômico da medida. O bloqueio dos ativos financeiros da Starlink no Brasil foi citado por alguns parlamentares como um fator que poderia afastar investidores estrangeiros e gerar instabilidade no ambiente de negócios.
Com o banimento do Twitter no Brasil, algumas autoridades começaram a considerar a migração para novas plataformas. O estudo identificou 254 publicações mencionando as redes sociais “Bluesky” ou “Threads”. As autoridades que mais mencionaram a intenção de migrar para essas redes eram, predominantemente, de esquerda:
Entre as figuras políticas que adotaram novas redes sociais, destacam-se:
Autoridades como Marina Silva e Rui Costa (ambos ministros) também divulgaram suas novas contas em Bluesky. Por outro lado, figuras de direita, que protestaram contra o banimento do X, mostraram maior resistência à ideia de migrar.
O que as Autoridades Preferiram: Bluesky ou Threads?
Entre as publicações analisadas, 163 indicaram a intenção de migrar para outras redes sociais, com a maioria optando pelo Bluesky:
Em contrapartida, 91 publicações não mencionaram a intenção de migrar para nenhuma dessas redes.
Essa migração foi dominada por autoridades de esquerda, o que contrasta com a resistência das autoridades de direita e centro-direita, que preferiram se manter na defesa do X, em vez de migrar para outras plataformas.
O banimento do Twitter no Brasil provocou um debate sobre controle digital, liberdade de expressão e o impacto econômico de decisões governamentais. O estudo revelou uma clara divisão política nas reações ao bloqueio da plataforma, com a direita se posicionando contra a medida e a esquerda adotando novas alternativas, como Bluesky e Threads.
Esse episódio marca uma transformação importante nas redes sociais políticas no Brasil, à medida que autoridades ajustam suas estratégias de comunicação digital. O impacto do banimento do Twitter no Brasil será sentido não apenas nas interações digitais, mas também nas futuras decisões sobre o controle das plataformas online e suas implicações para a liberdade de expressão no país.