Escrito por Antônio Heleno Caldas,professor do curso de Produção de Cartografias e Análise de Mapas Online.
Apresentamos a seguir dois breves exemplos de como as cartografias digitais voluntárias são suscetíveis tanto às diferenças de plataformas quanto a variáveis territoriais de ordem social, econômica e cultural, além das escalas geográficas.
Trata-se de um experimento feito com um mesmo recorte cartográfico, ou seja, dois mapas de um mesmo território. Com a técnica de Análise de Contrastes de Mapas Online, observamos as diferentes visibilidades promovidas pelas cartografias de uma localidade popular do Rio de Janeiro.
O contraste entre as geoinformações dos mapas públicos (PGI) e mapas privados (VGI) serve para análise das representações socioespaciais desses territórios obtidas com o Google Maps e o OpenStreetMap, tecnologias que são utilizadas na mobilidade, logística, gestão pública entre outras áreas.
Loco em análise
O Complexo do Alemão foi constituído ao longo da segunda metade do século XX, após o loteamento de uma fazenda situada em uma área hoje ocupada por um conjunto de quinze favelas da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, e “promovido” a bairro oficialmente em 1993.
Os limites entre os morros do Alemão e os bairros vizinhos são muitas vezes difusos, e sofrem variações conforme as relações identitárias das comunidades, a gestão administrativa do município e as fronteiras delimitadas pelas facções.
Investimentos federais recentes permitiram a implantação de um sistema próprio de teleféricos para interligação das favelas, que estimularam roteiros turísticos alternativos no Complexo.
Na análise da representação deste território periférico urbano, a mancha gráfica do mapa produzido em VGI mostrou-se maior que a do mapa em PGI, na mesma escala de 500 m, assim como prevaleceram os atributos de caráter humanitário (conforme os frames dos mapas online).