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Estudo aponta que usuários preferem informações não oficiais sobre vacina

Por Isabela Pimentel¹

Professora da ESPM analisou vídeos do Youtube e entrevistou mães que não vacinam os filhos.

Rio de Janeiro, – Desconhecimento sobre produção, distribuição e armazenamento, medo dos componentes e de injeção são alguns motivos que explicam porque há menos pessoas se vacinando. Além disso, a busca por informações via redes sociais em vez de fontes oficiais e jornalísticas reforçam as crenças. A conclusão é de um estudo² realizado pela professora de conteúdo digital da pós-graduação da ESPM Rio, Isabela Pimentel, sobre Fake News e monitoramento de notícias falsas com foco na saúde e vacinação. “A ideia é entender como os usuários têm consumido conteúdo sem checagem sobre vacinas nas redes sociais”, diz Isabela, que para concluir o estudo analisou vídeos e realizou entrevistas via Skype.
A plataforma escolhida para o estudo foi o Youtube, principal rede de compartilhamento de vídeos. Por meio das palavras-chave “Vacina Febre Amarela” e “Veneno Mortal” foram analisados comentários e compartilhamentos dos vídeos que tiveram mais visualizações durante os dois surtos de febre amarela no Brasil – março de 2017 e abril de 2018.
Dos entrevistados, entre eles mães que preferem não imunizar os filhos, a maior parte busca informações sobre vacinas em sites não oficiais e nas redes sociais, como Facebook e WhatsApp. “Muitos afirmaram que após assistirem a reportagens na internet sobre os efeitos adversos de algumas vacinas, como HPV e febre amarela, deixaram de acompanhar os conteúdos na mídia jornalística”, diz Isabela. “Acabam priorizando o WhatsApp como um canal de informação”.
A pesquisadora explica que vídeos testemunhais, com linguagem simples, aproximam o usuário da sua própria realidade e por isso tendem a ser mais procurados. Para os entrevistados, as campanhas de vacinação promovidas pelo Ministério da Saúde usam termos técnicos, não passam confiança e não têm transparência. “Essa espécie de empatia existe com a pessoa comum do vídeo e os termos técnicos de especialistas, como infectologistas e epidemiologistas, inibem essa proximidade”, diz Isabela.
Para o estudo, a autora monitorou os vídeos utilizando quatro classificações baseadas pela Agência Lupa de Checagem:
Verdadeiro: Considerado o vídeo publicado por uma fonte oficial;
Verdadeiro, mas: Vídeo publicado por uma fonte oficial, mas não é explicativo o suficiente;
Contraditório: Vídeo com relatos que parecem verdadeiro, mas duvidosos por não serem provenientes de uma fonte oficial;
Fake: Quando a informação é comprovadamente incorreta e publicada com objetivos de gerar desinformação, descrédito de pessoas e instituições.
Para entender os motivos dos entrevistados confiarem mais nas redes sociais do que na imprensa tradicional e no Ministério da Saúde, foram exibidos trechos de três vídeos para os entrevistados indicarem o mais confiável: um postado no Youtube com o título “Minha experiência de quase morte com a vacina da febre amarela”, um com o médico Dráuzio Varella e outro do Ministério da Saúde.

¹ Isabela Pimentel é Mestre em Criação e Produção de Conteúdos Digitais na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Especialista em Comunicação Organizacional Integrada pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Jornalista pela UFRJ e Bacharel e Licenciada em História pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).
² Pesquisa completa disponível aqui.