Sobre possíveis causas dessas diferenças, existem alguns bons debates e potenciais explicações. O primeiro deles é que são pesquisas eleitorais bem diferentes.
Selecionamos as sete principais, que tiveram uma grande repercussão nas últimas semanas e separamos em pelo menos três tipos.
7 principais pesquisas eleitorais usadas na eleições de 2018
Face-a-face
São as mais tradicionais: uma pessoa aborda alguém em sua residência ou ponto de fluxo (não vamos entrar nessa diferença por enquanto)
- DataFolha (BR-06919-2018) – Descrição da metodologia: Pesquisa do tipo quantitativo, por amostragem, com aplicação de questionário estruturado e abordagem pessoal em pontos de fluxo populacional. O conjunto do eleitorado brasileiro com 16 anos ou mais foi tomado como universo da pesquisa.
- IBOPE (BR-05221-2018) – Descrição da metodologia: Pesquisa quantitativa, que consiste na realização de entrevistas pessoais, com a aplicação de questionário estruturado junto a uma amostra representativa do eleitorado em estudo.
- MDA (BR-04362-2018) – Descrição da metodologia: Será adotada a metodologia quantitativa do tipo “survey”, com entrevistas pessoais, do tipo face-a-face, domiciliar ou em pontos de fluxo, por meio da utilização de questionário estruturado, sendo o universo representado pelos eleitores do Brasil.
- Vox Populi (BR-01669-2018) – Descrição da metodologia: Pesquisa quantitativa, que consiste na realização de entrevistas pessoais, com a aplicação de questionários estruturados e padronizados junto a uma amostra representativa do eleitorado brasileiro.
Telefônicas – com entrevista
Com uma base de dados de telefones fixos e celulares válidos o instituto sorteia um número para ligar e um entrevistador realiza a entrevista
- FSB PESQUISA (BR-06478-2018) – Descrição da metodologia: Pesquisa quantitativa telefônica realizada com população brasileira a partir de 16 anos, com título de eleitor, em um questionário estruturado, para avaliação do cenário político eleitoral. Os entrevistados são selecionados por sorteio em uma amostra representativa do eleitorado brasileiro com acesso a telefonia fixa e móvel. Todas as entrevistas serão realizadas por pesquisadores experientes em pesquisas telefônicas.
- IPESPE (BR-02995-2018) – Descrição da metodologia: Pesquisa quantitativa, telefônica, através de entrevistas a pessoas às quais é aplicado um questionário estruturado. Essas pessoas constituem uma amostra representativa dos eleitores brasileiros com acesso à rede telefônica fixa (na residência ou no trabalho) e a telefone celular. As entrevistas serão realizadas por equipes de pesquisadores, com bastante experiência nesse tipo de trabalho, e especialmente treinados para esta pesquisa.
Telefônicas – automatizadas (URA)
São entrevistas automatizadas por telefone com URA (Unidade de Resposta Audível).
Funcionam como as entrevistas por telefone, mas no lugar de ter uma pessoa entrevistando, o entrevistado ouve uma gravação telefônica e responde digitando um número no teclado, igual o começo de diversos call centers.
- DataPoder360 (BR-02039-2018) – Descrição da metodologia: Metodologia de pesquisa: Pesquisa quantitativa por amostragem. Aplicação de questionário estruturado por meio de ligações automatizadas para telefones fixos e celulares. O universo da pesquisa é o conjunto de eleitoras e eleitores com 16 anos ou mais.
Baixamos todos os questionários disponíveis no TSE (você poder fazer o download aqui) e destaco alguns pontos de atenção curiosos sobre as diferenças.
Filtros ou critérios para a entrevista existir
Filtros ou critérios existem para que o(a) entrevistador(a) não entreviste uma pessoa totalmente fora do objetivo da pesquisa.
Em pesquisas eleitorais, o exemplo mais simples é perguntar se a pessoa possui título de eleitor e se vota na cidade onde está sendo entrevistada. Chamo atenção para algumas coisas diferentes:
- IBOPE faz um filtro para quem declara ter votado na eleição passada. Se a pessoa não votou, está fora da entrevista. Confesso que eu não lembro de nenhuma literatura que sugira um filtro específico para quem votou em eleições passadas. Meu palpite: existe um conjunto na população que sistematicamente não votaria, apesar do voto obrigatório? Se sim, é importante retirá-las das pesquisas eleitorais?
- Vox Populi pergunta se o(a) entrevistado(a) trabalha ou tem alguém no domicílio que trabalha em empresas de pesquisas, agências de publicidade/comunicação/rp e veículo de comunicação. Caso positivo, a entrevista não é realizada. Esse filtro é relativamente comum e seu objetivo é manter as pesquisas eleitorais longe dos holofotes que ela poderia ter. Eu particularmente acho que para pesquisas públicas e com a obrigação de submeterem o questionário no TSE não faça tanto sentido assim.
Algo que me chamou a atenção na relação entre telefone vs. face-a-face é que o DataPoder360 aparentemente não faz um controle de filtro de título de eleitor naquele local e não pergunta a região/UF.
A principal pergunta dessas pesquisas eleitorais são as estimuladas, afinal é o principal dado consumido nacionalmente.
A pergunta estimulada funciona da seguinte forma:
Aqui moram diversos detalhes e as principais diferenças entre os métodos. Afinal, uma coisa é apresentar uma lista para alguém na sua frente, outra bem diferente é por telefone.
Nas pesquisas eleitorais face-a-face o modelo adotado entre os institutos de pesquisa é o uso de um disco circular onde estão os nomes dos candidatos divididos de forma igual.
Atenção, não é um cartão com uma ordem (alfabética ou qualquer), mas um disco para que na teoria, todos os candidatos tenham a mesma chance de ser visualizado pelo entrevistado. Observe o GIF ao lado do IBOPE. (A versão estática está no arquivo do questionário)
Todas as pesquisas eleitorais face-a-face analisadas utilizam um cartão semelhante.
que no cartão não deixou apenas o nome do candidato Fernando Haddad (PT), incluiu “Fernando Haddad, apoiado por Lula (PT)”, destoando completamente do padrão adotado.